Foto: Divulgação
22/03/2025, sábado
Unindo tecnologia, cooperação internacional e presença na Amazônia, a Marinha do Brasil e a Marinha de Guerra do Peru estão conduzindo, desde 19 de fevereiro, um levantamento hidrográfico no Rio Javari. A operação, realizada entre a foz do rio e o Estirão do Repouso, tem como objetivo melhorar a navegabilidade e fortalecer os laços entre os serviços hidrográficos das duas nações, além de reforçar a soberania sobre uma das regiões mais estratégicas da fronteira amazônica.
A missão conjunta e os objetivos do levantamento hidrográfico
A ação é fruto da colaboração entre o Aviso Hidroceanográfico Fluvial (AvHoFlu) "Rio Solimões", da Marinha do Brasil, e o navio B.A.P "Stiglich", da Marinha de Guerra do Peru. O levantamento hidrográfico visa mapear com precisão o leito do Rio Javari, contribuindo para a atualização de cartas náuticas e para o aumento da segurança da navegação em uma das regiões mais desafiadoras da Bacia Amazônica.
A cooperação entre os dois países fortalece os vínculos técnicos e operacionais entre os Serviços Hidrográficos das Marinhas, promovendo a troca de conhecimentos e consolidando uma atuação coordenada em áreas de interesse mútuo. O trabalho conjunto também reafirma o compromisso com a preservação ambiental, a segurança fluvial e a integração regional, essenciais para o desenvolvimento sustentável da região amazônica.
O Rio Javari como fronteira natural e via estratégica
Com aproximadamente 1.180 quilômetros de extensão, o Rio Javari nasce na Serra de Contamana, no Peru, e deságua no Rio Solimões, próximo ao município brasileiro de Tabatinga (AM). Além de sua importância ecológica, o rio desempenha uma função geopolítica fundamental, sendo fronteira natural entre Brasil e Peru ao longo de grande parte de sua extensão.
A sua navegação é considerada difícil, devido à sinuosidade, à largura estreita e à escassez de pontos notáveis para orientação. Nesse cenário, o levantamento hidrográfico é fundamental para garantir a segurança de embarcações civis e militares que transitam pela região, bem como para ampliar o conhecimento sobre os aspectos hidrodinâmicos e geomorfológicos do curso d'água.
Ao mapear a área entre a foz do Javari e o Estirão do Repouso, as Marinhas reforçam a presença do Estado na faixa de fronteira, assegurando o controle territorial e contribuindo para ações de patrulha, logística, saúde e defesa, em apoio às comunidades locais e às operações interagências na Amazônia.
Embarcações envolvidas e tecnologia empregada na operação
O AvHoFlu "Rio Solimões", da Marinha do Brasil, é uma embarcação especializada em levantamentos hidrográficos fluviais, equipada com sistemas modernos de sondagem, posicionamento e coleta de dados ambientais. Sua missão principal é garantir a segurança da navegação interior, fornecendo dados confiáveis para a atualização das cartas náuticas.
Já o navio B.A.P "Stiglich", da Marinha peruana, atua com capacidades semelhantes e é símbolo da cooperação técnica entre os dois países na região amazônica. A integração entre as tripulações tem sido um dos destaques da operação, com troca de experiências, procedimentos e padronização de métodos, que fortalecem a interoperabilidade entre as forças navais.
A tecnologia empregada inclui sonares multifeixe, GPS de alta precisão, softwares de georreferenciamento e análise batimétrica, que permitem uma leitura precisa do fundo do rio. Esses recursos são essenciais para mapear áreas pouco conhecidas, identificar obstáculos submersos e propor rotas mais seguras para a navegação.
A missão se estenderá até 27 de março, consolidando mais um marco na história da colaboração entre Brasil e Peru na Amazônia. O levantamento não apenas aprimora a segurança fluvial, mas também consolida o papel das Marinhas como agentes ativos na proteção da soberania e no desenvolvimento da região.
Fonte: Defesa em Foco
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