Foto: Coordenação-Geral de Índios
Isolados e de Recente Contato (CGIIRC).
O temor de invasão das terras em que vivem
isolados e ameaças de conflitos violentos no local levaram
os indígenas da etnia Korubo, do Vale do Javari, no Oeste do Amazonas, a
pararem na capa do jornal Folha de São Paulo como manchete principal deste
domingo.
A reportagem da Folha de São Paulo,
assinada pelo jornalista Leão Serva, registrou parte do trabalho do último
projeto do fotógrafo Sebastião Salgado intitulado “Amazônia” na região em
que vive um grupo de indígenas que relataram o temor das invasões. A reportagem
passou 10 dias na aldeia dos Korubos.
Os Korubos vivem na mesma região que, em
setembro, houve registro de suspeita por parte do Ministério Público Federal de
massacre de indígenas flecheiros. A informação teve repercussão internacional e
até hoje o caso não foi esclarecido.
Os indígenas Korubos são conhecidos como
“índios caceteiros” por reagirem de forma violenta às tentativas de invasão nas
terras onde vivem. As fotos de Sebastião Salgado, publicadas neste domingo pela
Folha de S.Paulo, mostram os indígenas em atividades de rotina nas aldeias e
também em um “estúdio” improvisado na floresta, sempre com seus cassetetes
usados como armas para caça.
Os cassetetes também ficaram famosos pelos
ataques violentos no século passado aos invasores da área em que viviam.
A reportagem afirma que os Korubos estão
‘ameaçados pela exploração clandestina das riquezas do seu território e temem
pelo futuro da etnia”.
A suspeita de massacre no Javari é mais uma
das razões do temor dos Korubos, segundo a matéria da Folha de São Paulo.
A matéria expõe relatos de crítica, por
parte de indígenas e indigenistas, sobre a ausência do Estado e da Funai na
área e sobre a falta de estrutura da Secretaria Especial de Saúde Indígena
(Sesai).
Sesai do Alto Javari e Funai
sucateadas
Indígenas se queixam que a Sesai do Alto
Javari demora muito para atender aos chamados dos indígenas e não consegue
atuar preventivamente para evitar contaminação de indígenas por
determinadas doenças que ameaçam as aldeias. Segundo a reportagem, apenas um
funcionário cuida da base que atende os indígenas daquela região.
A reportagem mostra apelo dos indígenas
para que a matéria seja publicada e chegue ao conhecimento do presidente
da República para melhorar a estrutura da Funai no local.
A matéria também critica as reduções
orçamentárias da Funai e a diminuição da capacidade de fiscalização na área
pela falta de estrutura, comunicação, transporte e logística na região, que tem
como via de acesso e deslocamentos rios e a floresta.
A reportagem alerta, ainda, que “a redução
dos serviços públicos abriu espaço a invasões de não índios, que podem
descambar para conflitos violentos”. Segundo a matéria , “as denúncias de
setembro diziam respeito a locais onde a Funai fechou bases por falta de
gente”.
Porta de entrada da cocaína
Segundo a publicação da Folha de São Paulo,
a falta de estrutura e o vazio do Estado na região onde vivem os Korubos
e outros grupos isolados fragiliza o controle da exploração madeireira, da
fauna da região e torna fácil a circulação de garimpeiros e narcotraficantes
dentro da terra indígena.
O ex-coordenador da Funai em Tabatinga
Bruno Pereira, que hoje trabalha na Frente de Proteção Vale do Javari e
coordenou viagem a um dos locais onde teriam ocorrido massacres em setembro,
afirmou, na matéria da Folha de São Paulo, que as bases da Funai estão
fragilizadas na região:
“As bases fragilizadas travam a presença da
Funai, o resultado é esse: madeireiros entram, garimpeiros já estão dentro,
narcotráfico passa dentro da terra indígena… O vale do Javari é a primeira ou
segunda porta de entrada da cocaína. O rio é uma avenida. Recentemente
apreenderam 800 quilos”, afirma na matéria publicada pela Folha de São Paulo.
Lei a reportagem completa neste link.
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