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Blog de Tabatinga

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Korubos, indígenas isolados do oeste do AM, vão para a capa da Folha

20/12/2017, quarta-feira

Foto: Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC).

O temor de invasão das terras em que vivem isolados e ameaças de conflitos violentos no local  levaram os indígenas da etnia Korubo, do Vale do Javari, no Oeste do Amazonas, a pararem na capa do jornal Folha de São Paulo como manchete principal deste domingo.

A reportagem da Folha de São Paulo, assinada pelo jornalista Leão Serva, registrou parte do trabalho do último projeto do fotógrafo Sebastião Salgado intitulado “Amazônia” na região em que vive um  grupo de indígenas que relataram o temor das invasões. A reportagem passou 10 dias na aldeia dos Korubos.

Os Korubos vivem na mesma região que, em setembro, houve registro de suspeita por parte do Ministério Público Federal de massacre de indígenas flecheiros. A informação teve repercussão internacional e até hoje o caso não foi esclarecido.

Os indígenas Korubos são conhecidos como “índios caceteiros” por reagirem de forma violenta às tentativas de invasão nas terras onde vivem. As fotos de Sebastião Salgado, publicadas neste domingo pela Folha de S.Paulo, mostram os indígenas em atividades de rotina nas aldeias e também em um “estúdio” improvisado na floresta, sempre com seus cassetetes usados como armas para caça.

Os cassetetes também ficaram famosos pelos ataques violentos no século passado aos invasores da área em que viviam.

A reportagem afirma que os Korubos estão ‘ameaçados pela exploração clandestina das riquezas do seu território e temem pelo futuro da etnia”.

A suspeita de massacre no Javari é mais uma das razões do temor dos Korubos, segundo a matéria da Folha de São Paulo.

A matéria expõe relatos de crítica, por parte de indígenas e indigenistas, sobre a ausência do Estado e da Funai na área e sobre a falta de estrutura da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

Sesai do Alto Javari e Funai sucateadas

Indígenas se queixam que a Sesai do Alto Javari demora muito para atender aos chamados dos indígenas e não consegue atuar preventivamente para  evitar contaminação de indígenas por determinadas doenças que ameaçam as aldeias. Segundo a reportagem, apenas um funcionário cuida da base que atende os indígenas daquela região.

A reportagem mostra apelo dos indígenas para que a matéria seja publicada e chegue ao conhecimento  do presidente da República para melhorar a estrutura da Funai no local.

A matéria também critica as reduções orçamentárias da Funai e a diminuição da capacidade de fiscalização na área pela falta de estrutura, comunicação, transporte e logística na região, que tem como via de acesso e deslocamentos rios e a floresta.

A reportagem alerta, ainda, que “a redução dos serviços públicos abriu espaço a invasões de não índios, que podem descambar para conflitos violentos”.  Segundo a matéria , “as denúncias de setembro diziam respeito a locais onde a Funai fechou bases por falta de gente”.

Porta de entrada da cocaína

Segundo a publicação da Folha de São Paulo, a falta de estrutura e o vazio  do Estado na região onde vivem os Korubos e outros grupos isolados fragiliza o controle da exploração madeireira, da fauna da região e torna fácil a circulação de garimpeiros e narcotraficantes dentro da terra indígena.

O ex-coordenador da Funai em Tabatinga Bruno Pereira, que hoje trabalha na Frente de Proteção Vale do Javari e coordenou viagem a um dos locais onde teriam ocorrido massacres em setembro, afirmou, na matéria da Folha de São Paulo, que as bases da Funai estão fragilizadas na região:

“As bases fragilizadas travam a presença da Funai, o resultado é esse: madeireiros entram, garimpeiros já estão dentro, narcotráfico passa dentro da terra indígena… O vale do Javari é a primeira ou segunda porta de entrada da cocaína. O rio é uma avenida. Recentemente apreenderam 800 quilos”, afirma na matéria publicada pela Folha de São Paulo.

Lei a reportagem completa neste link.

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