Foto: Reprodução/Vídeo divulgação da Prefeitura de Benjamin Constant
29/03/2021, segunda-feira
Ontem, domingo (28/03), completou 33 anos do massacre de 14 índios Ticunas na comunidade de Capacete, comunidade indígena pertencente à Benjamin Constant.
Em virtude desta data a Prefeitura de Benjamin Constant publicou a seguinte nota junto com um vídeo muito comovente:
Há exatos 33 anos, no dia 28 de março de 1988, acontecia o "Massacre do Capacete", quando um grupo de Ticunas foi cruelmente assassinado. É uma data que jamais será esquecida aqui em Benjamin Constant. Esse triste episódio da nossa história sempre será lembrado como um dia de reflexão e de luta pela causa indígena. A Administração Municipal presta sua homenagem e solidariedade a todos que perderam suas vidas nesse massacre, seus familiares e descendentes. Nossa alma é indígena, e temos o dever de valorizar cada vez mais esse povo que é a essência do nosso município. Que o dia 28 de março possa se transformar em uma data de esperança para toda a população indígena e não indígena de Benjamin Constant.
Um indígena da etnia Ticuna, não identificado, publicou em rede social um relato surpreendente sobre o assunto e contando com detalhes o acontecido. Veja abaixo:
O Dia mais triste e sangrenta que aconteceu com os Ticuna no dia 28 de Março de 1988 num lugar um pouco mais acima do igarapé Capacete e mais um pouquinho abaixo da escola Municipal Capacete no município de Benjamin Constant/AM. Morreram somente 14 pessoas assassinadas a tiros porque os assassinos conseguiram somente estes, que estavam no caminho. O restante conseguiram entrar na casinha de minha mãe porque na época a demarcação iria passar nesse lugar por isso moravam lá. Os outros conseguiram fugir para o mato e outros pularam no Rio, outros se esconderam debaixo de troncos de árvores e dentro de um poço que havia por perto. Os dois garotinhos na epoca com 5 aninhos (Alan Flores, meu irmão e Batista, hoje professor em São Leopoldo) fugiram para o mato e passaram três dias escondidos, segundo eles nadaram porque era tempo de cheia como hoje. Os que ficaram na casinha pularam um em cima dos outros parecia sardinha enlatado segundo o comentário de minha mãe, Levina Ricardo, já falecida. Os criminosos não atearam fogo na casinha porque a minha mãe implorou, gritou com eles (assassinos) para q não fizessem isso. Caso contrario seriam assassinados mais centenas de Ticuna. Os assassinos conseguiram matar os ticuna como capivara covardemente aqueles que estavam nadando no rio, o Cacique Natalino foi baleado com muitos tiros pois ele era o mais procurado dos assassinos. Triste história. Muitos pegaram tiros mas conseguiram fugir. E tem algubs vivos como o professor Guilherme Servalho, Palu Ramos Lopes, e outros.O então professor Constatino Ramos Lopes ficou debaixo de um tronco de árvores por isso escapou. Ele dizia que os tiros passavam por cima dele. Que esta data não seja lembrada somente pela crueldade ocorrida e pelos assassinos que até hoje estão soltos. Muitos ja morreram (assassinos) mas essa história ficou impune. Porque todos estão soltos. No entanto este dia marcou um dia difícil e triste para nós Ticuna. Esperamos que está historia não se repita. Por tanto para lembramos deste dia. Através de estudantes indígenas da INC/ UFAM BC, lideraderado pelo jovem Sandro Flores especificamente Sandro em homenagem ao masacre e de sua vô que não permitiu que ateasssm fogo se empenhou para q este dia seja reconhecida legalmente e feriado. Fez mobilização através de audiencia publica na Câmara de Benjamin Constant, demorou mas, foi aprovado como feriado pela Câmara e chancelado pelo Prefeito atual do município por isso hoje é o dia da Consciência e Luta Ticuna. Esta parte da minha fala não consta no livro denominado "A minha lágrima é uma só". Assim vamos seguindo na luta. Viva todos os parentes.🥲🥲🥲👏👏👏🤝🤝🤝🤝👍👍👍💪💪💪🏹🏹🏹
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