Foto: Líderes sul-americanos durante reunião em
Letícia, na Colômbia. Ernesto Araújo representou Bolsonaro no encontro.
Encontro reúne líderes da Bolívia, Colômbia, Equador e
Peru. Após cancelar viagem, Bolsonaro faz participação por videoconferência e
aproveita para denunciar o que chamou de "indústria de demarcação de
terras indígenas".
De Deutsche Welle
Presidentes e representantes de sete países
sul-americanos assinaram nesta sexta-feira (06/09) o "Pacto de Letícia
pela Amazônia", um acordo de cooperação para a proteção da região e promoção do
seu desenvolvimento sustentável. A iniciativa ocorre em meio à crise
internacional provocada pelas queimadas na região, em especial na parte
brasileira da Amazônia.
"Aqui estamos assinando um pacto em que coordenamos
e trabalhamos harmonicamente por objetivos comuns. Nos motiva a proteger a
Amazônia e fazer trabalhos de prevenção e mitigação quando houver riscos como
os incêndios florestais", disse o presidente da Colômbia, Iván Duque, ao
assinar o pacto na Cúpula pela Amazônia, realizada na cidade colombiana de
Letícia.
O pacto foi assinado por Duque, anfitrião do encontro, e
pelos presidentes de Peru, Martín Vizcarra, Bolívia, Evo Morales, e
Equador, Lenín Moreno, pelo vice-presidente do Suriname, Michael Ashwin Adhin,
e pelo o ministro de Recursos Naturais da Guiana, Raphael Trotmano. O
representante do Brasil foi o chanceler Ernesto Araújo.
Jair Bolsonaro não viajou por recomendação
médica. Ele deve ser submetido a uma nova cirurgia no
próximo domingo. O brasileiro se limitou a fazer uma participação por
videoconferência. No vídeo, ele aproveitou a ocasião para mais uma vez
denunciar o que chamou de "indústria de demarcação de terras
indígenas" e um suposto plano para "tornar a Amazônia um patrimônio
mundial".
"A questão das queimadas é quase que uma cultura em
muitas regiões do Brasil e também nos países de vocês", disse o brasileiro
para outros líderes durante a transmissão.
Mais tarde, durante um evento em Brasília, ele falou
sobre a assinatura do pacto e aproveitou para criticar o boliviano Morales.
"Ele disse que o capitalismo está destruindo a Amazônia. Como se no país
dele não tivesse ocorrido as maiores queimadas", disse Bolsonaro.
O brasileiro não foi o único ausente entre os líderes de
um país com território na Floresta Amazônica. O venezuelano Nicolás Maduro
também não participou.
Embora a Venezuela participe da Organização
do Tratado de Cooperação Amazônica, Maduro não foi convidado para o encontro
porque seu governo não é reconhecido por quase todos os países que participaram
da cúpula, entre eles Brasil e Peru.
Segundo o colombiano Duque, o encontro desta sexta-feira
serviu para chamar a atenção dos governos da região sobre a urgência de
enfrentarem unidos o narcotráfico, a mineração ilegal e a destruição das
florestas.
Na cúpula foi também determinada a necessidade de que os
países da região tenham "uma cooperação científica e técnica
permanente", segundo Duque. O presidente peruano, Martín Vizcarra, afirmou
que é preciso "passar a ações concretas, porque somente a boa vontade não
é suficiente" para preservar a Amazônia.
A devastação da floresta por conta dos
incêndios é um tema que ultrapassou as fronteiras da América Latina e ganhou
repercussão global.
"Todos os países do planeta devemos pensar em como
contribuir para preservar a Amazônia melhor, e a maior responsabilidade é dos
países que a temos em nosso território", comentou Vizcarra.
Já o brasileiro Ernesto Araújo ressaltou que, com o
documento, os países da região amazônica dizem que são "capazes, dignos e
que individualmente e coletivamente têm ideias de trabalho para a conservação e
o desenvolvimento racional sustentável, reafirmando a nossa soberania".
JPS/efe/ots
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