Colação de Grau da Primeira Turma Indígena de Agroecologia da UEA ocorre no 2º semestre


09/09/2019, segunda-feira
Fotos: Isabella Santos
Texto: Iris Brasil/ASCOM UEA
Tabatinga (AM) - Após quatro anos do Vestibular Especial para o Curso de Tecnologia em Agroecologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) destinado às comunidades indígenas de Umariaçu, localizadas em Tabatinga, a 1.105 km da capital Manaus, a primeira turma vai colar grau no mês de outubro, no Centro de Estudos Superiores de Tabatinga (CESTB/UEA).
A turma é composta por 32 alunos da etnia Ticuna, que utilizam os ensinamentos de sala de aula como o manejo do solo, adubação orgânica e cuidados com a floresta em seu dia a dia, aproveitando os conhecimentos tradicionais de sua comunidade.
"A agroecologia tem um papel muito importante na academia, mas ela não sobrevive sem o conhecimento do agricultor, aquele que viveu sua vida toda no campo e teve seu conhecimento passado das antigas gerações até chegar a ele". A fala do coordenador, Fábio Bassini, ressalta as formas de conversação entre a comunidade indígena e o curso, cuja uma das intenções é reavivar os conhecimentos tradicionais dos alunos, por viverem em uma região de fronteira com forte influência dos não-indígenas.
Na sala de aula
A aluna finalista, Sara del Aguila, 21, reforçou a importância do aprendizado em sala de aula e seu prosseguimento para gerações futuras. "No começo do curso eu, pessoalmente, não tinha ideia do que era Agroecologia. Me interessei e com o passar do tempo soube o que era e me identifiquei, até por sermos filhos de agricultores. O que esse curso tem trazido para nós são ensinamentos bons. Nós cultivamos a terra, plantamos e tem muito a ver com nossa vida. Eu e minha avó temos plantado hortaliças com adubação orgânica e adubação verde. As plantas já estão bem bonitas, resultado do que eu aprendi aqui", afirmou a estudante.
Outro aspecto do curso é o estudo da geografia do território indígena de Umariaçu ocupado pelos Ticunas que vivem em uma região de fronteira entre Brasil e Colômbia. "Nosso objetivo é pensar como melhorar a produção, a logística ou a transformação das matérias-primas das comunidades em um produto. Existe a preocupação cultural que é o conhecimento que eles têm em relação à sua forma de produção", complementou o coordenador Fábio Bassini.
Sobre a graduação
Pensando nos processos naturais, no agricultor e seu empoderamento, a agroecologia, para os municípios do interior e comunidades tradicionais, tem um grande papel por ser a alternativa ao agronegócio, que é uma produção do setor primário com vista ao mercado, incorporando técnicas e insumos agressivos, como agrotóxicos, inseticidas. A utilização de bioinseticidas, adubos verdes e orgânicos são possibilidades de um manejo mais saudável.
Foram ofertadas 40 vagas para os mais de 300 inscritos no curso que iniciou com aulas preparatórias de Língua Portuguesa, informática e ciências naturais no segundo semestre de 2015, para que tivessem uma base acadêmica. Assim, no início de 2016 os alunos inicializaram com as disciplinas de agroecologia.
Os 32 alunos deste primeiro curso tecnológico destinado a indígenas estão inseridos em projetos de extensão que os proporcionam a prática profissional, aliado ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
UEA

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