Foto: Reprodução Internet (Governador Davi Almeida)
Governador David Almeida afirmou à reportagem que não
ouvirá áudio entre o irmão e a diretora do Igam
Janaína Andrade
Manaus
(AM)
Áudio divulgado nesta
quarta-feira (16/08) no WhatsApp mostra uma pessoa identificada como irmão do
governador interino David Almeida (PSD), Daniel Almeida, pressionando a
diretora do Instituto Gente Amazônica (Igam), identificada como Maria, que
denunciou o superfaturamento de 780 cirurgias no hospital Delphina Aziz.
A gravação foi divulgada
um dia após o deputado Dermilson Chagas (PEN) ter denunciado que o
secretário estadual de Saúde, Vander Alves, teria pago para o Instituto de
Medicina, Estudos e Desenvolvimento (Imed), que administra o hospital Delphina
Aziz, cerca de R$ 8,4 milhões por 780 cirurgias, o que dá em torno de R$
10 mil por procedimento.
Daniel, no áudio,
questiona o fato de Maria ter exposto o caso nos jornais. “O Vander (Alves,
secretário de Estado da Saúde) quer brincar com coisas sérias. Eu tentei
conversar. Isso não se faz. Nós temos a população morrendo e o cara tá
superfaturando R$ 10 mil por cirurgia. Você acha certo isso?”, responde a
empresária.
Daniel rebate afirmando
que ao divulgar o caso, Maria expôs seu irmão – o governador David Almeida.
“Mana, mas você me colocou numa situação difícil, Maria. Eu que te levei lá”,
disse. Maria então faz um alerta: “E se ele não parar de emitir notas
mentirosas vai piorar. Outra coisa, lá na Seduc o Mário foi querer proibir a
minha entrada. A sua irmã apareceu lá para proibir tudo do Igam. Isso não se
faz, Daniel. É um direito do Instituto não compactuar com coisa desse tipo”,
afirma.
Procurado pela
reportagem, o governador David Almeida afirmou por meio de mensagens de
WhatsApp, que não ouviu o áudio. “Se ele (Daniel Almeida) faz ameaças, que seja
punido, não vou ouvir (o áudio). Esse é um assunto pessoal dele”, declarou
David Almeida.
O que diz a Susam
Em nota, a Susam afirmou
que a proposta apresentada pelo Igam para a realização de cirurgias no hospital
da Zona Norte foi de R$ 11,8 milhões, 40% acima da proposta do Imed, que foi de
R$ 8,4 milhões e venceu a licitação. A secretaria afirma que cada cirurgia
custará R$ 3,6 mil, valor abaixo dos R$ 5 mil cobrados pelo Igam. Diz também
que os documentos estão à disposição dos órgãos de controle.
Confira abaixo a integra do áudio:
Maria: Oi, Daniel...
Daniel:O que tá
acontecendo? Essa situação aí que foi exposta nos jornais...?
Maria: O Vander (Alves,
secretário de Estado da Saúde) quer brincar com coisas sérias. Eu tentei
conversar...
Daniel: Pô, Maria, isso
é motivo para você fazer isso?
Maria: É! É motivo sim.
Isso não se faz. Nós temos a população morrendo e o cara ta superfaturando R$
10 mil por cirurgia. Você acha certo isso?
Daniel: Não, Maria...
Maria: Não, Daniel.
Estão superfaturando sim, me desculpe. Eu conversei com ele, tenho conversas
dele...
Daniel: Mas Maria, isso
é conversa para você ter comigo, não expor meu irmão (David Almeida).
Maria: Não. Não estou
expondo o David. Nem conheço o David. Como vou expor uma pessoa que eu nem
conheço?
Daniel: Mas o governo é
do meu irmão.
Maria: O David tem que
chamar o Vander e resolver essa situação, porque o Vander está arrogante,
mentindo para o seu irmão, porque eu acredito realmente que o seu irmão não
sabe disso, nem você.
Daniel: Mana, mas você
me colocou numa situação difícil, Maria.
Maria: Mas Daniel, você
não fez nada de errado, meu amor. Porque difícil?
Daniel: Eu que te levei
lá, Maria.
Maria: Meu amor, eu fui
lá não só por você, mas por várias pessoas.
Daniel: O Vander me
ligou aqui agoniado...
Maria: E se ele não
parar de emitir notas mentirosas vai piorar. Outra coisa, lá na Seduc o Mario
foi querer proibir a minha entrada. A sua irmã apareceu lá para proibir tudo do
IGAM. Isso não se faz, Daniel. É um direito do Instituto não compactuar com coisa
desse tipo.
Daniel: Ei,
Maria...Maria, o que tu espera fazendo isso contra o Governo?
Maria: Qualquer um que
assuma, amigo, que venha querer superfaturar na saúde ...Todo mundo está
morrendo no interior, não vou aceitar. Vou (denunciar) quantas vezes forem
necessárias.
Daniel: É um governo de
três meses...
Maria: Sim, mas por isso
é que vão superfaturar em R$ 10 mil cada cirurgia, Daniel? Sendo que uma
proposta cobrou R$ 1,1 mil. Justifica isso? Eu não vou ser omissa, Daniel. Esse
pecado eu não vou levar para mim. Eu tentei conversar com o Vander várias vezes
a respeito disso. Ele enganou um grupo de médicos. Ele fez 22 reuniões.
Daniel: Os outros
governos fecharam as portas para você.
Maria: Fecharam as
portas porque eu denunciei e vou denunciar quantos governos for, Daniel. Eu não
vivo de governo, meu amor. O Instituto não sobrevive de governo.
Daniel: Maria, mas o que
você fez foi sujeira.
Maria: Não foi sujeira,
não. Epa! Sujeira quem fez foi o Vander. De quem vocês têm que ir para cima é
do Vander, não é de mim, não. Eu não to mentindo.
Daniel: Se tu não
precisava do governo porque tu me procurou, cara?
Maria: Eu procurei
porque os projetos de saúde....o governo não é casa privada, não, Daniel. O
governo é órgão público.
Daniel: Porque tu me
procurou?
Maria: Procurei você,
procurei o secretário (de Saúde), vários órgãos competentes, que tem que
receber a população e os institutos. Sou uma mulher trabalhadora, responsável,
lícita. Não quero que a população pague por erros...
Daniel: Você é uma
mau-caráter.
Maria: Mau-caráter são
vocês. Você me respeite.
Daniel: (inaudível)
Maria: Vocês que são
mau-caráter, bandidos. Roubando a população, superfaturando e ligando para o
meu celular me ameaçando. Isso vai ter consequência, Daniel.
Daniel: Sua puta...
Maria: Tchau, passar
bem. Vai, fale mais que eu estou gravando.
Daniel: Vai te fuder,
sua vagabunda.
Maria: Fale mais...
Daniel: Vagabunda e
mentirosa.
Maria: Vagabundo é você,
seu bandido. Bandidos, vão todos para a cadeia. Continua que vai para a mídia.
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