21/12/2016, quarta-feira
Foto: Reprodução G1
Esquema foi descoberto durante operação nesta terça (20/12).
Ação resultou na prisĂŁo de trĂȘs agenciadores; PF investiga outros envolvidos.
Do G1 AM
A Rede AmazĂŽnica teve acesso, com exclusividade, Ă conversas gravadas entre membros de um esquema criminoso, investigado por fraudes de cerca de R$ 3 milhĂ”es na previdĂȘncia social. O esquema foi descoberto pela PolĂcia Federal durante a Operação "Pater Criminis", deflagrada nesta terça-feira (20/12), em Manaus, e que resultou na prisĂŁo de trĂȘs pessoas.
As investigaçÔes apontam que as fraudes aconteciam dentro do presĂdio do Puraquequara, na Zona Rural de Manaus. Agenciadores recrutavam detentos para participar de esquemas de recebimento do auxĂlio-reclusĂŁo.
Pela previdĂȘncia social, tĂȘm direito a receber o auxĂlio, a esposa ou companheira, filhos de atĂ© 21 anos e invĂĄlidos, ou, na inexistĂȘncia destes, os pais dependentes economicamente do preso.
A partir disso, com o aval do detento, os agenciadores escolhiam formas de recebimento do benefĂcio. Segundo a PolĂcia Federal, uma delas era a comprovação de que o preso tinha um emprego no perĂodo de cumprimento de pena. Assim, eles conseguiam assinar a carteira de trabalho do detento de forma fraudulenta.
Em uma das conversas - todas gravadas com autorização da Justiça - entre um agenciador e um detento Ă© possĂvel entender como funcionava o esquema. "Eu tĂŽ (sic) falando aqui da cadeia. (...) ele falou que ia falar se tu tem (sic) condiçÔes, se tu conhece (sic) alguĂ©m que possa assinar a carteira para poder tirar esse auxĂlio", diz um dos detentos.
Sobre o questionamento do preso, o agenciador garante o sucesso da fraude. "'Mano', é o seguinte: a gente consegue, né, a gente consegue", afirma.
Outra maneira para conseguir auxĂlio-reclusĂŁo era forjar a existĂȘncia de filhos, normalmente registrando crianças que nĂŁo possuĂam o nome do pai na certidĂŁo de nascimento. Uma outra conversa entre um preso da Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) e uma agenciadora comprova a fraude.
Detento - Eu tava (sic) correndo atrĂĄs do pessoalzinho (sic).
Agenciadora - Do filho?
Detento - Ă.
Agenciadora - TĂŽ (sic) sabendo.
Detento - AĂ jĂĄ arrumei jĂĄ (sic), mas sĂł que vou registrar amanhĂŁ.
Agenciadora - Jå vai registrar amanhã né, deixa eu anotar aqui, tå bom? Jå conseguiu o filho.
Detento - JĂĄ, 12 anos.
A investigação começou em janeiro deste ano, apĂłs uma denĂșncia apresentar uma certidĂŁo de nascimento falsa. O documento constava o nome de um detento como pai. Entretanto, a data de nascimento estava alterada.
Na certidĂŁo original, a criança nasceu em 2002 e, depois que consta o preso como pai, o nascimento foi alterado e passou para o ano de 2010. O objetivo da alteração era fazer com que a criança, mais nova no documento adulterado, fizesse o benefĂcio durar por mais tempo.
A PolĂcia Federal acredita que o grupo criminoso agia hĂĄ pelo menos dois anos. Com as fraudes, eles conseguiam receber altos valores retroativos e atĂ© estender os perĂodos de recebimento do benefĂcio.
O auxĂlio-reclusĂŁo Ă© de pouco mais de R$ 1,2 mil (R$ 1.212,64). Nas investigaçÔes constam ainda casos em que o recebimento do auxĂlio atrasado chegou a R$ 200 mil, tudo dividido entre agenciadores, detentos e outros envolvidos.
Na operação "Pater Criminis" da PolĂcia Federal, trĂȘs agenciadores foram presos. As investigaçÔes continuam, segundo a PolĂcia Federal.
Fonte: G1 AM
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