Homofobia é o termo utilizado para designar uma espécie de medo
irracional diante da homossexualidade ou da pessoa homossexual,
colocando este em posição de inferioridade e utilizando-se, muitas
vezes, para isso, de violência física e/ou verbal.
A palavra homofobia significa a repulsa ou o preconceito contra a
homossexualidade e/ou o homossexual. Esse termo teria sido utilizado
pela primeira vez nos Estados Unidos em meados dos anos 70 e, a partir
dos anos 90, teria sido difundido ao redor do mundo. A palavra fobia
denomina uma espécie de "medo irracional", e o fato de ter sido
empregada nesse sentido é motivo de discussão ainda entre alguns
teóricos com relação ao emprego do termo. Assim, entende-se que não se
deve resumir o conceito a esse significado.
Podemos entender a homofobia, assim como as outras formas de
preconceito, como uma atitude de colocar a outra pessoa, no caso, o
homossexual, na condição de inferioridade, de anormalidade, baseada no
domínio da lógica heteronormativa, ou seja, da heterossexualidade como
padrão, norma. A homofobia é a expressão do que podemos chamar de
hierarquização das sexualidades. Todavia, deve-se compreender a
legitimidade da forma homossexual de expressão da sexualidade humana.
No decorrer da história, inúmeras denominações foram usadas para
identificar a homossexualidade, refletindo o caráter preconceituoso
das sociedades que cunharam determinados termos, como: pecado mortal,
perversão sexual, aberração.
Outro componente da homofobia é a projeção. Para a psicologia, a
projeção é um mecanismo de defesa dos seres humanos, que coloca tudo
aquilo que ameaça o ser humano como sendo algo externo a ele. Assim, o
mal é sempre algo que está fora do sujeito e ainda, diferente daqueles
com os quais se identifica. Por exemplo, por muitos anos, acreditou-se
que a AIDS era uma doença que contaminava exclusivamente homossexuais.
Dessa forma, o "aidético" era aquele que tinha relações homossexuais.
Assim, as pessoas podiam se sentir protegidas, uma vez que o mal da
AIDS não chegaria até elas (heterossexuais). A questão da AIDS é pouco
discutida, mantendo confusões como essa em vigor e sustentando ideias
infundadas. Algumas pesquisas apontam ainda para o medo que o
homofóbico tem de se sentir atraído por alguém do mesmo sexo. Nesse
sentido, o desejo é projetado para fora e rejeitado, a partir de ações
homofóbicas.
Assim, podemos entender a complexidade do fenômeno da homofobia que
compreende desde as conhecidas "piadas" para ridicularizar até ações
como violência e assassinato. A homofobia implica ainda numa visão
patológica da homossexualidade, submetida a olhares clínicos, terapias
e tentativas de "cura".
A questão não se resume aos indivíduos homossexuais, ou seja, a
homofobia compreende também questões da esfera pública, como a luta
por direitos. Muitos comportamentos homofóbicos surgem justamente do
medo da equivalência de direitos entre homo e heterossexuais, uma vez
que isso significa, de certa maneira, o desaparecimento da hierarquia
sexual estabelecida, como discutimos.
Podemos entender então que a homofobia compreende duas dimensões
fundamentais: de um lado a questão afetiva, de uma rejeição ao
homossexual; de outro, a dimensão cultural que destaca a questão
cognitiva, onde o objeto do preconceito é a homossexualidade como
fenômeno, e não o homossexual enquanto indivíduo.
Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a legalidade da
união estável entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. A decisão retomou
discussões acerca dos direitos da homossexualidade, além de colocar a
questão da homofobia em pauta.
Apesar das conquistas no campo dos direitos, a homossexualidade ainda
enfrenta preconceitos. O reconhecimento legal da união homoafetiva não
foi capaz de acabar com a homofobia, nem protegeu inúmeros
homossexuais de serem rechaçados, muitas vezes de forma violenta.
—————————
*Créditos da imagem: Patrycja Mic / Shutterstock.com
Juliana Spinelli Ferrari
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em psicologia pela UNESP – Universidade Estadual Paulista
Curso de psicoterapia breve pela FUNDEB – Fundação para o
Desenvolvimento de Bauru
Mestranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP
– Universidade de São Paulo
Fonte: http://homofobiamata.wordpress.com/quem-somos-3/o-que-e-homofobia/
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