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Blog de Tabatinga

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Pensamento - Tato de Mãe

Foto: Carlos Alberto Gossel Pereira

Um menino, com um breve poeminha à mão, entrou correndo pela porta do
quarto dos pais, ansioso para que o lessem.
Encontrou os pais numa discussão acirrada a respeito de um tema que
desconhecia.
À maneira que só as crianças conseguem fazer, ficou ali, ao lado,
quase invisível, tentando ser escutado.
Pai, mãe, olha o que escrevi!
Repetiu esse acalanto algumas vezes, falando cada vez mais alto,
tornando a balbúrdia no aposento quase insuportável.
Ninguém se entendia e todos queriam ser ouvidos.
Repentinamente, o pai, já sem paciência, tomou a folha de papel das
mãos do filho, amassou com força e disse: Já não expliquei que agora
não posso!?
Atirou o papelote na lixeira mais próxima, o que deixou o filho sem
chão e repleto de lágrimas.
Mais tarde, a mãe, que não havia ficado satisfeita com a cena
presenciada e se enchia de compaixão, procurou o menino.
Ela carregava na mão esquerda uma folha de papel enrugada. Tinha a
expressão emocionada e condoída.
Filho... Foi você quem escreveu este poema?
O menino, que ainda estava cabisbaixo, apenas acenou com a cabeça que sim.
Que coisa mais linda! Você é um poeta, meu filho! Você é um poeta! –E
abraçou, carinhosamente, a criança.
A partir daquele dia, diz a história desse menino, ele resolveu
definitivamente ser poeta.
O relato é do próprio autor que conta que, se não fosse pela destreza
e tato de sua mãe, possivelmente não se dedicaria à poesia.
Assim, graças à sensibilidade daquela mulher, o mundo pôde conhecer a
arte e inspiração de Pablo Neruda.

* * *

O tato é essa capacidade que temos, ou não, de lidar com situações delicadas.
Saber dizer as coisas certas na hora certa. Saber calar. Saber abraçar
e chorar junto.
Para se ter tato faz-se necessário desenvolver a empatia, essa
capacidade sublime de colocar-se no sentimento do outro.
A amorosidade também faz parte da conquista do tato, pois tudo aquilo
que é dito com amor, com carinho, tem muito mais chance de ser bem
recebido pelo outro.
Ficamos a pensar quantos Neruda deixamos de conhecer no mundo, pela
simples falta de tato de pais e educadores, que não promoveram o
incentivo necessário ou que simplesmente abafaram, silenciaram
talentos tão importantes.
Assim, olhemos nossas crianças com atenção. Operemos sempre com muito
tato, psicologia, em tudo que façamos, falemos ou deixemos de falar a
eles.
Nem sempre serão grandes talentos ou gênios.
Porém, um incentivo aqui, um elogio ali são os responsáveis primeiros
pela formação de uma boa autoestima.
Tratemos o lar como a terra que necessita estar sempre fértil,
preparada para receber as mudas da filiação bendita, que Deus nos dá
como presente e responsabilidade.

Fonte: E-mial de Gilmara Dassumpcao Alves

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