11/4/2016, segunda-feira
Foto: Blog Apenas Mais Uma Garota Apaixonada
Um jovem casal que morava no Marco mudou-se para uma ilha. Além dos pertences, levaram também uma moça que eles criaram e que agora cuidava do filho recém-nascido do casal. Viviam da agricultura.
Certa vez, ao saírem para mais um dia de trabalho, disseram-lhe:
- Minha filha, nós vamos plantar feijão na praia, e você vai ficar em casa, porque está menstruada, mas não atenda ninguém.
Assim que eles saíram, um barco veio se aproximando do porto e atracou. De dentro saiu um rapaz muito bonito, todo vestido de branco, com um elegante chapéu e disse à jovem:
- Eu venho te oferecer jóias.
Ao que ela respondeu:
- Não, eu não quero. Meu pai não gosta que faça negócios sem sua autorização.
Ele insistiu tanto que ela acabou concordando, porém na condição de levar o filhinho do casal.
Ele insistiu tanto que ela acabou concordando, porém na condição de levar o filhinho do casal.
Quando chegaram ao barco, ele falou:
- Pegue as jóias, toque, veja como são bonitas!...
No mesmo instante, aconteceu o encantamento.
De repente, a jovem se viu viajando naquele luxuoso barco com o lindo rapaz.
- Moço, para onde estamos indo?
- Vou levá-la ao meu sítio. Lá tudo é bonito, mas não se admire com o que você vai ver e só coma o que eu lhe oferecer.
Quando os pais chegaram em casa e não encontraram seus filhos, foi aquele alvoroço. Seguiram as pegadas que iam até a beira do rio. Concluíram que tinham morrido afogados. Muito tristes, tentaram encontrar os corpos, mas nada!
Assim que o barco chegou ao porto do sítio, ela ficou muito surpresa com o tamanho da casa.
Quando o rapaz abriu a porta, saiu um enorme sapo que, imediatamente, pulou para dentro do lago. Logo, dele saiu uma linda senhora. Apresentando-a para a moça, disse:
- Essa é minha mãe!
E a senhora perguntou:
- Meu filho, essa criança é seu filho? E ela é sua mulher?
- Não, ainda não! É só uma amiga que trouxe para conhecer.
Pediu que a mãe trouxesse uma rede para deitar a criança, pois Maria estava cansada. Ela foi buscar e voltou com uma enorme sucuri agarrada pela cabeça e pela ponta do rabo. Amarrou cada extremidade em um armador. Num instante, transformara-se em uma confortável rede na qual cismada Maria deitou a criança e foi conhecer o pomar. A senhora colhia frutas e as oferecia aos dois.
Passado oito dias, o rapaz levou-a de volta para a casa dos pais, dizendo-lhe:
- Só estou trazendo você de volta porque essa criança é pagã. Se fosse batizada, você ia ficar como minha mulher.
Toda semana ia visitá-la. Quando decidiu pedir a mão da jovem em casamento, o pai não permitiu. Juntaram-se os parentes para resolver o caso. O rapaz ainda argumentou:
- Ela passa uma semana com vocês e uma comigo no fundo do rio.
No entanto, não teve acordo. Depois de muita insistência, o pai resolveu:
- Pois bem, já que não tem outro jeito, vou aceitar! Vocês podem casar.
O rapaz muito contente, foi contar a novidade para sua mãe e cuidar dos preparativos.
Enquanto isso, os pais de Maria arrumaram as coisas e fugiram com ela para outra ilha mais distante. Mesmo contra a vontade, ela os acompanhou. A partir desse dia a moça começou a enfraquecer. Foi perdendo a cor, ficou de cama, e precisou tomar remédios. Levaram-na para o rezador e nada adiantava. Passaram-se alguns dias e Maria faleceu.
O rapaz a procurava por toda aquela região e ninguém sabia informá-lo. Felizmente, uma senhora que os conhecia deu-lhe o novo endereço. Quando este chegou à comunidade para onde tinha se mudado, já era tarde demais. Estavam levando o corpo de sua amada para ser sepultado.
Cheio de revolta, culpou os pais de Maria por toda aquela desgraça. Desesperado, com lágrimas nos olhos, dizia:
- Se vocês tivessem permitido, de verdade, meu casamento com Maria , ela não teria morrido de tristeza.
O rapaz desconsolado voltou para o sítio encantando e lá viveu seus piores dias sempre à procura da mulher amada.
Texto retirado do livro "Tabatinga e suas Lendas", de Maria Auxiliadora Coelho Pinto e Cleuter Tenazor Tananta, 2011
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Lendas