Como já dizia Buda, há mais de dois mil anos: "tudo o que somos é
resultado do que pensamos" .
Um dos aspectos extremamente relevantes da Administração é a chamada
administração do pensamento. De acordo com o que observou Tim Gallwey,
considerado um dos pais do coaching, e que começou sua carreira como
treinador de tênis, todo tenista tem dois adversários: o adversário
externo e o adversário interno. E sempre que alguém perde o jogo
interno, não importa quão competente possa ser, também acaba perdendo
o jogo externo.
Para que possamos compreender melhor como se forma o adversário
interno, que todos nós temos por sinal, basta registrar que desde de
crianças, para cada frase positiva, costumamos ouvir, pelo menos, dez
frases negativas a nosso respeito, a respeito dos outros e do mundo. E
estas frases negativas acabam sendo instaladas na nossa mente, como se
fossem vírus num computador. São as chamadas "palavras assassinas
internalizadas", e se constituem em programas, ordens e comandos para
o nosso cérebro, que passa a funcionar de acordo com elas. E isto faz
com que seja muito mais difícil tratar com as dificuldades,
adversidades, desafios e oportunidades que encontramos, pois acabam
influenciado expressivamente os nossos pensamentos, emoções e ações e,
consequentemente, os resultados que conseguimos na vida.
E tudo começa pelo pensamento, ou como já dizia Buda, há mais de dois
mil anos: "tudo o que somos é resultado do que pensamos". Portanto, se
você quiser administrar sua vida, comece pela administração dos seus
pensamentos. O fato é que os nossos pensamentos influenciam não
somente os resultados que obtemos, mas também nossos batimentos
cardíacos, pressão arterial, neurotransmissores e hormônios que são
ativados e, como decorrência, o nosso sistema imunológico e saúde. Ou
como já dizia um ditado popular: "quando a cabeça não pensa, o corpo
padece". Assim sendo, a questão das palavras assassinas é de
importância fundamental, e devemos ter consciência não só de suas
consequências, mas também de como as internalizamos e de como tratar
com elas.
Para começar, nada melhor do que apreender por contraste, ou seja, com
o que os estímulos positivos podem fazer por uma pessoa. E o exemplo
de Jack Welsh, considerado o executivo do século XX, pode ser muito
elucidativo. Quando criança, Welsh era gago e sua mãe, ao invés de
dizer coisas negativas a respeito de sua gagueira, ou deixá-lo
ansioso, resignificou e disse que a gagueira era sinal de que ele era
muito inteligente, pensava muito rápido e as palavras não podiam
acompanhar o seu pensamento. Ou seja, ele não era gago, mas um pessoa
muito inteligente, que pensava rápido. E este, e muitos outros
estímulos e lições que recebeu de sua mãe, foram extremamente
importantes na sua vida e carreira profissional, pois lhe deram grande
confiança, autoestima e paixão por vencer. É por isto que Welsh relata
que a morte de sua mãe foi uma das dores mais profundas que sentiu em
toda sua existência.
Já os estímulos negativos e frases assassinas, podem até gerar
depressão e aquilo que é conhecido como desamparo adquirido, ou seja,
a mais completa falta de esperança, e ainda o chamado temor
antecipatório, isto é, medo do futuro.
Vejamos alguns exemplos de frases assassinas que foram ditas ao longo
da história:
■Em 1878, a Western Union rejeitou os direitos sobre a patente do
telefone com a seguinte declaração: "Que uso a empresa poderia fazer
desse brinquedo elétrico?"
■Em 1899, Charles H. Duell, comissário do U.S. Office of Patents, num
relatório para o presidente McKinley – argumentado que o Patents
Office deveria ser abolido: "Tudo o que podia ser inventado já foi
inventado."
■"Quem, diabos, quer ouvir atores falando!", foi o que disse Harry
Warner, presidente da Warner Brothers (1927).
■Em 1945, Vannevar Bush, um assessor presidencial, avisou: "A bomba
atômica nunca vai explodir, e estou falando com um expert em
explosivos".
■"Os grupos com guitarras estão acabando". Decca Records, ao dispensar
os Beatles (1962).
■"Não existe razão para que qualquer indivíduo tenha um computador em
casa". Fabricante de computadores (1977).
E isto é apenas uma pequena mostra de frases, cuja principal
característica é a de condenar antes de compreender, ou seja, o
julgamento precipitado. Mas não precisamos ir muito longe, pois todo
dia, continuamos ouvindo muitas frases assassinas, tais como:
■Desculpe, mas isso é uma droga
■O último que apareceu com essa ideia não está mais aqui
■Não se mexe em time que está ganhando
■A gente nunca fez nada igual a isso
■Não vai vender
■Isto não é nenhuma novidade e só vai criar problemas
E com certeza, você pode acrescentar inúmeros outros exemplos. E como
tratar esta questão extremamente relevante, que em última instância
importa na administração dos nossos próprios pensamentos? Algumas
coisas, entre elas as seguintes:
O que pessoas que foram grandes criadores e inventores fizeram para
conviver e superar
Akio Morita, por exemplo, que foi o criador e presidente da Sony,
depois de ter idealizado o "walkman", constatou que os técnicos da
empresa não mostraram nenhum entusiasmo pela ideia e não queriam
implementá-la, apelando para as desculpas números 4 e 5. Morita não
gostou da dúvida e resolveu implementar a ideia assim mesmo, dizendo:
"desisto da presidência se não vendermos 100 mil aparelhos até o final
do ano". E o "walkman" acabou se tornando um grande sucesso mundial.
Ter consciência da existência das frases assassinas internalizadas
Assim, é útil recorrer a John Whitmore, um famoso coach: "Eu só posso
controlar aquilo de que tenho consciência. Aquilo de que não tenho
consciência me controla. A consciência me fortalece". Portanto,
devemos ter consciência não só das frases assassinas que nos são
ditas, mas também de como funcionam na nossa mente e de suas
consequências.
Saber como tratar com o jogo interno
E para abordar com a questão, nada melhor do que a história de um
velho índio, que ao descrever seus conflitos internos disse:
"Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau. O outro
é muito bom e dócil e eles estão sempre brigando". Quando então lhe
perguntaram qual dos cachorros ganharia a briga, o sábio índio parou,
refletiu e respondeu: "Aquele que eu alimentar".
Ou seja, nós temos diálogos internos que nos ajudam e nos levam para o
sucesso, mas também aqueles que levam para a derrota e para o
fracasso, e são os denominados sabotadores internos. Portanto, é
essencial saber o que focar e não alimentar os diálogos internos
negativos. Mas isto não significa negar a realidade. Assim, se houver
formigas no seu jardim, de nada adianta ficar repetindo frases do tipo
"pensamento positivo", tais como: "meu jardim é lindo, meu jardim é
lindo", pois o máximo que você vai obter será um lindo formigueiro.
Saber entrar em estados mentais e emocionais ricos de recursos
Existem algumas técnicas, mas uma delas é conhecida por
resignificação. É o exemplo da história de três operários que estavam
fazendo uma mesma obra e quando lhes perguntaram o que estava fazendo,
responderam respectivamente: estou assentando pedras; estou fazendo
uma escada; estou construindo uma catedral. Assim sendo encontrar
significados positivos para as coisas da vida é fundamental e, acima
de tudo, funciona. E foi o que a mãe de Jack Welsh fez. Ele não era
gago, mas uma pessoa muito inteligente e que pensava muito rápido.
A prática da meditação pode ajudar
Eu particularmente aprecio a "atenção plena", conforme a proposta do
médico americano Jon Kabat-Zinn, professor da Universidade de
Massachusetts.
A oração da sabedoria
"Dai-me força, coragem e competência para mudar o que pode ser mudado.
Paciência para aceitar o que não pode ser mudado. E sabedoria para
distinguir uma coisa da outra".
Assim sendo, sabedoria, lucidez e discernimento são fundamentais. Sem
elas, o resto é o resto. Afinal, e em última instância, tudo o que
somos na vida são consequências de nossas decisões e escolhas. Mas é
sempre bom ter presente que a verdadeira decisão importa em ação e é
ai que também entram as palavras assassinas que fazem as pessoas
procrastinarem. Portanto, é preciso sair do círculo vicioso para
entrar no círculo virtuoso e isto só se faz com a administração dos
próprios pensamentos.
Fonte: José Augusto Wanderley - 01 de outubro de 2012, às 17h28min -
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/palavras-assassinas-internalizadas-aprenda-a-administrar-seu-pensamento/66320/
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