Regiões Sudeste e Centro-Oeste têm praticamente os outros 60%.
Pesquisadores acham difícil explicar aparente baixo uso no Sul e no Norte.
Luna D'Alama
Do G1, em São Paulo
O consumo de crack e outros derivados de cocaína no Brasil está mais
concentrado no Nordeste, com 40% do total, de acordo com o segundo
Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp).
Em seguida, aparecem o Sudeste (36%) e o Centro-Oeste (22%). Sul e
Norte têm 1% cada.
Para a pesquisadora Clarice Madruga, que coordenou o estudo na Unidade
de Pesquisas em Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp, o uso maior de
crack na Região Nordeste pode ter relação com a facilidade de acesso,
por se tratar de uma droga barata – com preço até cinco vezes mais
baixo que no exterior.
"Já no Sul, existe a hipótese de que os três estados estejam seguindo
uma tendência vista em países da Europa e nos Estados Unidos, onde a
cocaína e seus derivados têm sido substituídos pelo consumo de
substâncias sintéticas, como ecstasy e anfetaminas", sugere Clarice.
No caso do Norte, poderia haver uma menor disponibilidade de crack e a
região funcionaria mais como rota da droga, que chega pela Colômbia,
Bolívia e Peru. Isso tudo, porém, é apenas uma especulação, já que não
existem dados anteriores que comprovem essas teorias. "O porquê mesmo
é difícil de explicar", diz.
Clarice destaca que esse tipo de estudo domiciliar, que entrevistou
4.607 pessoas em 149 municípios das cinco regiões, não é ideal para
avaliar o número de consumidores de crack no Brasil, pois os usuários
estão geralmente concentrados nas ruas, em redutos como a Cracolândia
paulistana – razão pela qual os dados devem estar subestimados.
Segundo o psiquiatra Marcelo Ribeiro, também pesquisador da Unifesp, o
crack e o óxi estão mais presentes no Nordeste, no Sudeste e no Sul,
enquanto a merla – que é uma pasta mais mole e "suja" da cocaína, por
conter mais resíduos, embora isso não interfira no efeito – é mais
encontrada no Centro-Oeste e no Norte.
"Aparentemente, há um consumo no Sul que carece de uma análise
estatística mais aprofundada, levando em conta outras variáveis, como
sexo, idade, classe social e uso de outras drogas", cita Ribeiro.
De acordo com o médico, esses três derivados mais comuns da cocaína
passam por um processo de refinamento que leva diferentes produtos
químicos, como querosene, gasolina, cal virgem, ácido clorídrico,
carbonato de cálcio, bicarbonato de sódio, acetona e éter, entre
outras substâncias.
Uso geral de cocaína e derivados
Na quarta-feira (5), a Unifesp divulgou dados gerais sobre a presença
de cocaína e derivados no Brasil. A droga se mostrou três vezes maior
nas áreas urbanas, com principal incidência no Sudeste – 46% dos
usuários, ou 1,4 milhão de pessoas. Depois vêm o Nordeste (27%), o
Norte e o Centro-Oeste (10% cada), e o Sul (7%).
Em breve, o Lenad deve divulgar outras partes do estudo, que se
referem ao consumo de álcool e cigarro no país.
Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/09/nordeste-concentra-40-do-consumo-de-crack-no-brasil-aponta-estudo.html
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